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Resumo do Consenso dos Grupos de Trabalhos do dia 10/10/2002
Compilado da gravação original por Luzia Castaneda e Victor Leon Ades

Religiões e ONGS
Coordenadora: Lia Diskin

Na exposição várias instituições relataram as suas ações e experiências, destacando quais eram os princípios que sustentavam essas ações. Pois, não é suficiente termos idéias, projetos ou planos significativos se eles não encontram trilhos concretos e consistentes capazes de suportar, não apenas o peso e a responsabilidade do processo, mas de se fazer avançar nessa responsabilidade:  tornar o projeto em ação. 

Dentro desse repertório de instituições que estavam congregadas na sala Ulisses Guimarães,  no terceiro andar, foram destacados alguns princípios: o diálogo, a cooperação, o diálogo inter religioso , o compromisso com a identidade familiar ou a construção de uma identidade familiar, a reintegração de adultos, o resgate de valores culturais, a formação comunitária, a valorização da cultura regional. Esses elementos estão sempre dando um norte, alguns no sentido de, olhar para frente e dar passos novos, e outros, no  sentido de que algo se perdeu e que é importante resgatar.

Se destacou, como um grande catalisador de todas essas ações de cultura de paz, a construção de rede e criar nessas rede uma interatividade. Se destacou, também, a necessidade de estimular a autoconfiança nos jovens.

O sagrado ocupou um espaço muito importante na configuração de valor e de princípio, o sagrado tanto como ponto de partida como linha mestra que orienta a trajetória. E como último elemento, a espiritualidade como o grande potencializador da paz, cultivar a estância do sagrado do espiritual que habita em nós.

Como encerramento, é dada uma advertência: os movimentos e a ações precisam ser coerentes e consistentes, os dois pilares sobre os quais podemos e devemos fundar as iniciativas. 

Organizações Públicas Governamentais e Internacionais
Coordenação: Oscar Motomura

O grupo discutiu a já existência de boas práticas, leis, mecanismos, regras e instituições que trabalham para uma cultura de paz e cidadania mas que por diversos motivos não vêem suas recomendações implementadas. Uma das causas seria uma imposição de cima para baixo destas recomendações sem o necessário envolvimento popular. Por trás de uma aparente legitimidade muitas vezes apresentam características excludentes. Além disso estas instituições são dirigidas por seres humanos falíveis e estão sujeitas à contaminação  pelo sistema atual.

Para  obtenção de melhores resultados seria necessário o aperfeiçoamento das instituições atuais e a criação de novos sistemas à partir da estaca zero, convivendo com o sistema atual e paulatinamente vindo a substituí-lo. Estes novos sistemas sadios seriam criados pensando-se numa população de 6 bilhões de pessoas, de forma legítima e numa democracia genuína.

O oposto da paz é a estagnação. A violência é gerada pelos medos e a paz pelo amor, bem-comum e compaixão.

Há um senso de urgência para que estas instituições e propostas realmente funcionem! A velocidade é fundamental! Somente através de alianças estratégicas e excelência nas suas implementações as boas idéias gerariam resultados.

Comunicação, Mídia e Produção Cultural
Coordenação: Hiran Castelo Branco

O que é a paz? Normalmente nos remetemos às imagens estáticas e sem movimentos (lagos plácidos, etc..) em contradição ao mundo atual. As pessoas, especialmente os jovens, não conseguem identificar-se com a paz através destas imagens. Deve-se partir da quietude evoluindo-se para a ação!

O grupo acredita que já está na hora de sair da fase de denúncias e partir realmente para exemplos que gerem soluções e uma comunicação utilizando-se de imagens com forte conteúdo.

Uma constatação é que todos nós fomos treinados mais para a guerra e a competição do que para a paz e a cooperação, apesar desta ser a forma natural de agir do ser humano.

Para que a mídia e os meios de comunicação possam realmente  atuar para a disseminação de uma cultura de paz devem ser trabalhados os produtores de conteúdo, através de ações de formação nos cursos de jornalismo, comunicação e publicidade ( como já ocorre na Universidade de Uberaba) além de ações e projetos com visão clara das metas a serem atingidas e identificação dos parceiros ideais.

O grupo decidiu formar um grupo de trabalho para continuar a discutir o assunto.

Criança e Adolescente
Coordenação: Therezinha Fram

A primeira constatação é de que estávamos discutindo o que fazer pelas crianças e adolescentes sem a presença deles! Não haviam nem crianças nem jovens participando dos debates. O correto seria fazer com eles dando-lhes condições materiais para estarem participando do evento.

Já há um arcabouço de boas leis, idéias e acordos sobre o tema mas que não estão realmente acontecendo. Este processo requer que a discussão dos problemas passe do direito local para o direito público/internacional.

Além disso contataram-se alguns problemas:

·        falta de capacitação de professores e educadores para lidar com os casos especiais

·        hipocrisia e falta de verdade que acabam mascarando a realidade em relação a situação da criança e do adolescente

·        é necessário ouvir mais para se poder dialogar

·        preparar educadores para a fase de alfabetização. Constatou-se que há estudantes de pós-graduação com problemas sérios de alfabetização

·        a sociedade deve assumir esta formação em equilíbrio com o governo, com participação crítica e gestão participativa

·        revalorização dos profissionais que trabalham com a criança

·        instituições fragmentadas

·        necessário retomar-se a visão global do assunto

·        salto direto da situação atual para a transdisciplinaridade, ao invés da interdisciplinaridade

·        investir na formação do ser humano